quinta-feira, 8 de abril de 2010

CELEBRAÇÃO DO DIA INTERNACIONAL DA DANÇA


O Dia Internacional da Dança vem sendo celebrado no dia 29 de abril, promovido pelo Conselho Internacional de Dança (CID), uma organização interna da UNESCO para todos os tipos de dança.
A comemoração foi introduzida em 1982 pelo Comitê Internacional da Dança da UNESCO. A data comemora o nascimento de Jean-Georges Noverre (1727-1810), o criador do balé moderno.
Entre os objetivos do Dia da Dança estão o aumento da atenção pela importância da dança entre o público geral, assim como incentivar governos de todo o mundo para fornecerem um local próprio para dança em todos os sistemas de educação, do ensino infantil ao superior, além de incorporarem em seus planos de ação cultural as demandas desta forma de arte.
Enquanto a dança tem sido uma parte integral da cultura humana através de sua história, não é prioridade oficial no mundo. Em particular, o professor Alkis Raftis, então presidente do Conselho Internacional de Dança, disse em seu discurso em 2003 que "em mais da metade dos 200 países no mundo, a dança não aparece em textos legais (para melhor ou para pior!). Não há fundos no orçamento do Estado alocados para o apoio a este tipo de arte. Não há educação da dança, seja privada ou pública."
Esta realidade constatada mundialmente encontra eco em Belo Horizonte e no dia 29 de abril próximo o Coletivo criado para o dia Internacional da Dança adere a esta grande rede. Os bailarinos, mestres, coreógrafos, pesquisadores, associações, organizações, agrupamentos se mobilizam para promover uma ocupação artística da Praça da Liberdade (sede do complexo cultural da cidade) durante todo o dia, a partir de 7 horas da manhã até as 22 horas, com mostras de coreografias, performances, aulas públicas de diversas modalidades de dança e shows que embalarão dançarinos e público em geral em um grande baile. Todas as atividades serão gratuitas.
Nesta ocasião pretendemos proporcionar ao público em geral uma mostra da diversidade da produção de dança na cidade de Belo Horizonte e de outras regiões do estado de Minas Gerais.
Objetivos
A razão principal destas jornadas em celebração ao Dia Internacional da Dança é atrair a atenção do grande público para a arte da dança e em particular um público novo que geralmente não assiste a espetáculos de dança.

Local
O espaço idealizado para esta celebração é a Praça da Liberdade, sede simbólica do Circuito Cultural Praça da Liberdade. Este circuito é formado pelo Espaço TIM UFMG do Conhecimento, Museu das Minas e do Metal EBX, Memorial Minas Gerais Vale, o Centro de Arte Popular Cemig e o Centro Cultural Banco do Brasil. Ainda fazem parte do circuito, o Museu Mineiro, Arquivo Público Mineiro e a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, revitalizados nos últimos anos e já abertos à visitação pública. Ao todo, o complexo terá 12 prédios.
“Esta praça foi concebida para ser a praça do poder há 120 anos, quando Belo horizonte foi construída para ser sede do Governo de Minas. Hoje ela virou praça do povo. Vamos ter, aqui, o mais importante circuito cultural do Brasil. Nada mais emocionante que poder andar pela praça e ver que a Praça da Liberdade, símbolo maior de Belo Horizonte, da nossa capital, vai virar esse Circuito. O mundo vai vir aqui, o Brasil vai vir aqui e os mineiros vão, no dia a dia, usufruir disso, disse Aécio Neves, em entrevista”
Daí, celebrar o dia internacional da Dança neste espaço significa também dialogar e marcar espaço desta linguagem neste audacioso projeto.


PREPARAÇÃO DO DIA INTERNACIONAL DA DANÇA EM BELO HORIZONTE

Organização
Este evento de caráter civil e corporativo está sendo idealizado e organizado por companhias de dança, grupos independentes ou amadores, escolas, associações e outras organizações relacionadas com a produção em dança de Belo Horizonte e de cidades do estado de Minas Gerais na medida do possível organizados, contado com apoio de órgãos como repartições oficiais, municipalidades, empresas comerciais, etc.
Este evento não visa arrecadação de recursos financeiros.

Conteúdo
Os organizadores têm completa liberdade para definir o conteúdo do evento, assegurando que se inclua informação sobre a arte da dança, sua história, sua importância na sociedade, seu caráter universal.
Isto pode ser por meio de extratos de espetáculo, performance, aulas públicas, textos particulares distribuídos entre o público presente, citações em blogs, etc.

Tipos de intervenções
As ações dedicadas a celebrar o Dia Internacional da Dança podem ser aulas abertas, ensaios ao ar livre, conferências, publicações, diários e revistas, bailes populares, programas no rádio e TV, espetáculos de rua, nota no programa de espetáculos ou outros eventos que celebrem a dança no dia 29, etc.

Coordenação
Para que tenha um maior êxito optamos por dividir os organizadores do evento em grupos de trabalho. Estes grupos de trabalho agem de forma transversal e corporativa.

Produção
Encarregado de aglutinar informações e coordenar a logística do evento este grupo tem como principais atributos:
• Se ocupar da liberação do espaço público pretendido para realização do evento;
• Acompanhar e se responsabilizar por documentos que viabilizam estas liberações;
• Avaliar as condições técnicas do local do evento;
• Recepcionar demandas técnicas dos participantes;
• Distribuir a programação em uma grade
A equipe de produção do evento é voluntária e recepcionará as demandas de cada grupo assim como a lista de materiais cedidos por estes e fará a intermediação entre o equipamento técnico disponibilizado através de apoios, para que todos possam ter a melhor condição possível de participação no evento.

Divulgação
Encarregado de criar estratégias de divulgação para o evento no dia 29 e posterior, este grupo tem como principais atributos:
• Buscar apoios para registro fotográfico, videográficos;
• Captar material de divulgação dos participantes (releases, fotos, etc.);
• Organizar e distribuir o release do evento;
• Contatar organizações especializadas a nível nacional e regional para a difusão dos atos programados;
• Acionar imprensa e todos meios de comunicação;
• Convidar personalidades do mundo oficial e pessoas que habitualmente não concorrem a espetáculos de dança.
A equipe de divulgação do evento é voluntária. Gostaríamos de frisar que a produção de qualquer material impresso particularizado deverá ser previamente comunicado para que todos tenham ciência do que estamos divulgando.

Apoio técnico
Encarregado pelo monitoramento e pela fruição dos espetáculos no dia 29, este grupo tem como atributos principais:
• Se responsabilizar para que sejam cumpridos os horários e acordos previamente fixados em assembléia;
• Decidir a inclusão de manifestações que pleiteiem espaço de apresentação no dia;
• Dar apoio possível aos artistas em suas demandas;
• Garantir na medida do possível a visibilidade para o público das ações exibidas;
• Informar o público presente do conteúdo do evento
Também formada por voluntários, esta equipe se reveza nos horários do dia de acordo com a grade de programação.

Ciente e destas informações acima, os interessados em participar devem preencher o questionário abaixo e encaminhE para o e-mail diadanca@gmail.com impreterivelmente até o dia 11 de abril de 2010.


Questionário
Sua resposta na data estabelecida é importante para a criação da grade das apresentações.

Identificação do Artísta
NOME DA INSTITUIÇÃO (GRUPO, ESCOLA, COLETIVO, ARTISTAS INDEPENDENTES E ETC.):
NOME DO RESPONSÁVEL:

Contatos
TELEFONE:
E-MAIL:
ENDEREÇO:

Intervenção
TIPO DE INTERVENÇÃO:
NOME DA INTERVENÇÃO:
RESUMO DA AÇÃO (sinopse breve):
DURAÇÃO:
NUMERO DE PESSOAS ENVOLVIDAS:
MELHOR HORÁRIO PARA SUA INTERVENÇÃO:
ÁREA IDEAL PARA SUA PARTICIPAÇÃO: (CLICAR NO MAPA PARA VISUALIZAR MELHOR)
INDIQUE O NÚMERO DA AREA ESCOLHIDA:(PODE UTILIZAR MAIS DE UM NUMERO, OU COLOCAR ENTRE UM E/OU OUTRO)
DESCRIÇÃO DAS MÚSICAS UTILIZADAS E OS RESPECTIVOS COMPOSITORES:
* O evento não se responsabiliza pela liberação de direitos autorais das obras apresentadas, ECAD ou SBAT.

Necessidades técnicas para a intervenção
INFORME DA MÍDIA UTILIZADA (CD, MD, DVD ou outra):
NO CASO DE MÚSICA AO VIVO INFORME O TIPO DE MICROFONE A SER UTILIZADO:
INFORME O APARATO TÉCNICO QUE LEVARÁ PARA O LOCAL PARA SUA INTERVENÇÃO:
* Importante frisar que transporte regional ou local de grupos, figurinos, aparatos técnicos exclusivos de cada apresentação, fica a cargo dos interessados em participar do evento.
QUAL É A NECESSIDADE DE APOIO TÉCNICO PARA SUA INTERVENÇÃO:

Parceria logística
Reiteramos que esta é uma manifestação civil e corporativa e não conta com recursos ou apoios pré-estabelecidos. A mobilização do Coletivo é que garante a organização, divulgação e realização do evento proposto por todos.

QUE MATERIAL TÉCNICO PRÓPRIO VOCÊ PODERÁ DISPONIBILIZAR PARA O EVENTO:
TRANSPORTE IDEAL PARA ESTE MATERIAL:

Registro do Evento
TEM COMO FAZER REGISTRO DO EVENTO( ) SIM ( )NÃO
PODE REGISTRAR OUTROS ARTISTAS EM HORÁRIO PROXIMO À SUA INTERVENÇÃO?
( ) SIM ( )NÃO
MODO DE REGISTRO
( ) FOTO
( ) VIDEO
( )AMBOS
* A equipe de divulgação do evento requisitará a cessão dos direito de uso de imagens(vídeos e fotos produzidas no evento) para divulgação posterior nos meios de comunicação especializados de dança.

ANOTE SUAS OBSERVAÇÕES OU INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES:

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Boas-vindas ao processo do VII Congresso Mundial da Associação Internacional de Drama/Teatro e Educação, IDEA 2010!

O VII Congresso Mundial da IDEA 2010 Viva a Diversidade Viva! Abraçando as Artes de Transformação!, afirma duas prioridades interligadas ao Século XXI: a necessidade de celebrar e praticar a diversidade cultural como uma garantia pela democracia viva e participativa; e a necessidade de abraçar pedagogias baseadas nas artes e em nossas linguagens, saberes e técnicas de transformação para democratizar nossas comunidades e nosso mundo, e possibilitar que tenhamos um futuro sustentável e humano.
A cidade de Belém do Pará, norte do Brasil, uma das principais ‘portas’ para a Amazônia, sediará o IDEA 2010. Belém é um dos palcos mundiais de debates contemporâneos sobre ambiente e sustentabilidade, situada numa região com uma diversidade cultural extraordinária. Para garantir uma experiência autêntica dessa região e um congresso íntimo e participativo, IDEA 2010 será realizado na comunidade, escolas e no distrito pescador e de produção artesanal de Icoaraci e na Universidade Federal do Pará.

Nesse primeiro Congresso Mundial da IDEA na América Latina, a Rede Brasileira de Arteducadores – ABRA, abraça uma importante oportunidade para fortalecer o papel de nossas linguagens artísticas (em especial do teatro) e das culturas populares na construção de um novo paradigma educacional para o nosso século. ABRA antecipa o Congresso Mundial com o processo ‘Rumo IDEA 2010’, uma série de projetos colaborativos entre as comunidades de Belém e o mundo para garantir a sensibilização ambiental, continuidade, transformação social e desenvolvimento comunitário. Estou diretamente envolvido com a organização deste encontro. Para estimular uma discussão sobre diversidade cultural, destaco 3 perguntas e respostas que foram elaboradas e respondidas no contexto de criação do ultimo espetáculo da SeráQ. Cia de Dança intitulado Q´Eu isse. O foco destas questões foi a abordagem cênica (em um espetáculo de dança) das culturas africanas e indígenas no contexto brasileiro:

1. A idéia é se concentrar no aspecto místico? Quais os aspectos que você pretende destacar ao falar desta fusão de culturas?

Rui: Mítico talvez, mas místico não; mesmo partindo da observação da “fé” no contexto das várias culturas. A fé, que, segundo Kierkegaard, é a mais alta manifestação da paixão humana.
Consagrando meu tempo ao intenso calendário de manifestações populares constatei através do sincretismo religioso implícito nos festejos visitados por mim algumas das questões políticas que permeiam a história do Brasil e a origem de alguns dos anseios essenciais da população brasileira não importando sua classe social. Com um olhar de artista contemporâneo, é fantástico perceber que no dinamismo e na linguagem dramática das manifestações populares podemos ver as histórias que desenham o passado de um povo sendo adaptadas ao tempo presente. É um exercício rico e muito delicado.
Desde a criação da Cia. SeráQuê?, em 1993, as questões ligadas à diversidade cultural e identidade da nação brasileira têm sido mote para meu processo criativo. De maneira muito particular as questões ligadas à população negra do Brasil e do mundo. As culturas de matrizes africanas ou esta cosmogonia, nortearam a maior parte dos meus processos de criação, seja na SeráQ., seja para outros elencos com os quais tenho trabalhado. Eu diria que estes últimos quinze anos foram um despertar para minha negritude como cidadão brasileiro; uma questão de identidade. Isto tem sido importante para mim neste momento…
Partindo daí, escolhi trazer para meus espetáculos traços e personagens que compõem este mosaico de identidades no Brasil e criar narrativas não lineares, pois é assim que eu observo a vida.

2. Como surgiu este processo do Q’EU ISSE?

Rui: Em 2005, eu apresentei ao instituto Vitae um projeto que pleiteava uma bolsa para me dedicar à pesquisa sobre os festejos populares religiosos afro-mineiros. O título era “Ês quis q’eu isse co ês” ou “Eles quiseram que eu fosse com eles” (português com um acento dialético, ou seja, com uma sonoridade que se escuta em muitas cidades do interior de Minas Gerais). Fui contemplado e então tive a oportunidade de desenvolver um estudo específico, histórico e estético, que acrescentou alguns elementos às minhas noções de identidade. Um deles foi observar a modernidade como agente de rompimento, caracterizando-se por um processo de sucessivas fragmentações. As sociedades são marcadas por diferentes divisões e antagonismos que produzem uma diversificação de identidades no indivíduo. Tais antagonismos são possíveis de identificar não apenas na sociedade brasileira contemporânea, mas ao longo do processo histórico da nação, desde o seu início, atravessado pelos legados coloniais e escravocratas.
Por outro lado, o fato de dizer “brasileiro” – logo também “americano” - e “afro-descendente” e “ameríndio”, cria laços de identificação com a cultura. Esse é um dos traços que define uma “circularidade”. Um dos traços que a “circularidade” pode adotar parece-me estar diretamente relacionado com um sentimento de busca comum pela identidade e valorização dos legados “afro” e “indígena” na constituição das sociedades atlânticas. Eu mesmo trago, na minha forma de atuação, a essência do sujeito pós-moderno. Ou seja, meu próprio processo de identificação, através do qual projeto minhas identidades culturais, é cada vez mais provisório, variável e problemático.

3. O espetáculo vai se fixar no cruzamento das culturas indígenas e africanas?

Rui: Sim, mas nos processos diaspóricos destas matrizes culturais. Nas sociedades híbridas, como os Quilombos ou as atuais aldeias Ameríndias, é percebida a necessidade de ocupação de um território que se possa chamar de próprio de forma coletiva. Um local apropriado para expressar a identidade coletiva e individual a partir de valores culturais daquelas comunidades. Ao contrário do que pensamos, estamos muito perto das aldeias indígenas ou dos quilombos. As favelas, as ocupações urbanas, por exemplo, são organizações onde percebemos de maneira clara os resultados dos legados coloniais e escravocratas que situam a necessidade de expressão desta população nas periferias. Este é um dos focos desta criação. O conceito de identidade de Stuart Hall alimenta meu imaginário criativo. Ele diz:
“Se tais sociedades não se desintegram totalmente não é porque elas são unificadas, mas porque seus diferentes elementos e identidades podem, sob certas circunstâncias, ser conjuntamente articulados. Mas essa articulação é sempre parcial: a estrutura da identidade permanece aberta. Sem isso, (…) não haveria nenhuma história. Entretanto (…) isso não deveria nos desencorajar: o deslocamento tem características positivas. Ele desarticula as identidades estáveis do passado, mas também abre a possibilidade de novas articulações: a criação de novas identidades, a produção de novos sujeitos e o que ele chama de ‘recomposição da estrutura em torno de pontos nodais particulares de articulação.
Em vez de pensar as culturas nacionais como unificadas, deveríamos pensá-las como constituindo um dispositivo discursivo que representa a diferença como unidade ou identidade. Elas são atravessadas por profundas divisões e diferenças internas, sendo ‘unificadas’ apenas através do exercício de diferentes formas de poder cultural. Entretanto – como nas fantasias do ‘eu inteiro’ de que fala a psicanálise lacaniana – as identidades nacionais continuam a ser representadas como unificadas.” (…) As nações modernas são, todas, híbridos culturais. Stuart Hall

Rui Moreira é um dos Coordenadores do SIG (SPECIAL INTEREST GROUPS em português GRUPO DE INTERESSE ESPECIAL) Teatro Raça e Etnia
Mais informações sobre o IDEA 2010 www.idea-org.net

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A II CNC reunirá artistas, produtores, gestores, conselheiros, empresários, patrocinadores, pensadores e atores da cultura

A II Conferência Nacional de Cultura reunirá artistas, produtores, gestores, conselheiros, empresários, patrocinadores, pensadores e atores da cultura, além de representantes da sociedade civil, de todo o país, de 10 a 14 de março de 2010, em Brasília. Os participantes discutirão, entre outros assuntos, a cultura brasileira nos seus múltiplos aspectos, tendo como finalidade principal a valorização da diversidade das expressões culturais, o pluralismo de opiniões e a aprovação no Congresso Nacional do Plano Nacional de Cultura.

Amigos,

quando me envolvi de maneira mais atenta com as questões da dança no Estado de Minas Gerais em função das Câmaras Setoriais, me coloquei no papel de observador privilegiado de um processo ininterrupto de surgimento e continuidade de ações ligadas à dança em todo o território nacional. Também vi descontinuidades, mas pondo na balança tudo cresce e consequentemente as questões só aumentam.

Digo observador por ter sido contaminado pelas descobertas de valiosos empreendimentos e pelo cotejo de realidades de produção das regiões do Estado de Minas e da Federação.

Com pouca experiência na atuação política "oficial", minha capacidade de interferir neste processo sempre foi discreta... Seja pela falta de reais condições de trabalho, seja pelo meu perfil contemplativo, contribuí nas Câmaras e no Colegiado Setorial de Dança com pontos de vista somatórios aos de meus companheiros, mas nada que determinasse uma real representatividade territorial.

Mesmo tendo uma noção das demandas do meu entorno, não fui hábil suficiente para manter mobilizado um grupo de interessados trocando continuamente informações e questionamentos da dança produzida na região onde atuo.

Não me justificando, mas sim relatando, percebi que é muito difícil mapear o movimento da dança, enquanto setor, de forma atualizada no Estado de Minas Gerais. Para isto é necessário dedicar tempo integral e ter recursos, planejamento, equipe, apoio e interesse político. A quantidade de municípios e a própria diversidade de culturas faz disto uma tarefa árdua, mas ao mesmo tempo um desafio fascinante e necessário de ser encampado algum dia... Quanto antes melhor...

Um dos prismas que me chama a atenção neste processo político que estamos construindo é a busca de uma melhor compreensão da diversidade e a possibilidade de entender que a dança no Brasil se dá em um vasto circuito, e apesar de catalogada por estilos como: dança moderna; dança clássica; dança contemporânea; jazz; dança de salão; dança de rua; danças populares;- a dança se pluraliza ainda mais quando abrange a esfera da espontaneidade e se prolifera de acordo com apropriação das comunidades/população em suas várias camadas. Nesta esfera existe um grande consumo.
Na minha forma de ver, a divisão da dança unica e exclusivamente por "estilos" fragmenta o pensamento da sociedade e cria atravessadores que apoiados na precariedade de recursos, podem determinar que só algumas danças merecem atenção, pois são mais importantes que outras.

Os parâmetros para pensar a economia da cultura e os aspectos sociais da dança que se faz no Brasil estão constantemente em xeque por falta de dados abrangentes, sistematizados e publicados.

- Farinha pouca meu pirão primeiro!
Este princípio retrógado, não deve jamais permear uma ação de Estado, mas infelizmente isto acaba acontecendo comumente neste exercício de política partidária governamental.

Por esta visada a Cultura é sempre sacrificada quando a variação dos recursos acomete os orçamentos públicos. Os recursos são sim escassos, mas a sua manutenção está diretamente ligada ao reconhecimento de uma demanda social significativa e transversalizada.

Quando discutimos o assunto pelo prisma das cadeias produtivas setorizadas, constatamos que o setor cultural depende dos mecanismos de financiamento públicos e parcerias com a iniciativa privada que hoje são facilitadas por estes mecanismos. As regras da burocracia governamental acabam regendo estas negociações e estabelecem taxas e cascatas de impostos que são inadequadas para as atividades do setor.

Em função disto, alguns contra-sensos se estabelecem, pois através dos recursos vindos desta fonte uma rede de profissionais e fornecedores vai estabelecendo mercados e regras próprias. Este movimento faz com que este setor gere movimento interno e até externo de dinheiro, mas não estimula processos de sustentabilidade, pois a fonte dos recursos é sazonal. Esta reflexão se faz necessária quando pensamos sistemicamente os mecanismos de financiamento e como estes se configuram no momento.
Isto é importante, pois sabemos da impossibilidade de existência de empreendimentos de nível sem envolvimento de recursos.

Todas estas questões merecem atenção e aprofundamento e os princípios básicos de cada setor precisam manter se em desenvolvimento.

Na dança por exemplo, ao mesmo tempo em que temos que pensar em garantir minimamente os recursos para a pesquisa, criação e circulação de espetáculos, é necessário garantir o espaço de acesso para o que chamo de "educação em dança", ou seja, para sensibilização e formação de qualidade em todas as faixas etárias e camadas sociais.

Muitas iniciativas interagem dança com educação, saúde, turismo, áudio visual, meio ambiente, etc. O fomento da transversalidade com outros setores produtivos que compõem a economia são necessários para acentuar e fortalecer um mercado cultural. Isto deverá promover um vislumbre de sustentabilidade para esta entrelaçada rede produtiva.

O Plano Nacional de Cultura, entre outras coisas é uma tentativa de implantação de sistemas que garantam uma discussão de Estado. Ou seja, uma discussão continuada com a população e o empoderamento dos valores soberanos desta, independente da atuação governamental vigente.

Os assuntos mais emergentes em discussão estão ligados à significação do papel do governo nos movimentos da pólis. - Qual é o papel do Estado? E do Governo? Como a ação de Estado pode além de subsidiar os mecanismos de financiamento e se organizar jurídica e politicamente para melhorar o desempenho deste “contexto cultural”? O que se pode fazer para reconhecer e dialogar com os mecanismos de democratização de acesso que os protagonistas culturais desenvolvem e oficializam no seu dia a dia?

Estas perguntas podem parecer simples e com respostas óbvias, mas quando feitas pela sociedade civil, e respondida pela reflexão comum do poder público e da própria sociedade, elas podem alterar significativamente o engajamento na construção do processo político de manutenção da democracia nacional.

Discute se as formas de ampliar recursos e a distribuição destes. Estuda se fomentos e condutas políticas que possam ampliar a fruição de cada setor.

Muitas vezes esta discussão é conduzida pela solução de problemas emergentes e perde-se a possibilidade de vislumbrar também o médio e o longo prazo.

A falta de métodos para o estabelecimento de um quadro claro sobre o mercado movimentado por cada setor cultural é uma questão que nos deixa sempre com a sensação de "correr atrás do próprio rabo" ou "de dar um tiro no próprio pé".

Politicamente os métodos de aferição dos setores da cultura precisam de referencia e de diálogo para serem entendidos e melhor aplicados.

Entendo que, nesta convocação para o diálogo o poder público/governo pretende ter da sociedade civil(que é protagonista das demandas), referencias sobre caminhos para direcionar a administração,estabelecendo assim as diretrizes da política.

Portanto depende da qualidade da interlocução a ampliação da visão política sobre as questões da dança e da cultura em geral.

No resumo do trabalho do atual Colegiado de Dança tem diretrizes que podem nortear um mote de reflexões para detonar processos que propiciarão que a máquina pública enxergue a dança de forma filosófica e política como setor produtivo.

É um documento que registra o resultado de discussões que foram feitas em âmbito nacional. Apesar de abrangente este documento tem restrições e dependerá da continuidade da discussão e da participação dos protagonistas (em suas instancias de poder), a ampliação e o aprimoramento dos conteúdos assim como o alcance dos pontos almejados.

Os movimentos grandes e significativos como os da cidade de São Paulo, Uberlândia, Recife, Ceará, Porto Alegre (entre outros) são modelos para que esta consciência de classe se espalhe por todas as cidades deste enorme Brasil, mas todos os movimento tem seu valor e merecem ser compreendidos também.

Acho importante lembrar aos que se colocam a disposição para participar como delegados ou representantes regionais, que ao participar destas mobilizações consultivas, somos porta vozes da diversidade de cada setor e nos tornamos testemunhas e protagonistas na legitimação deste empreendimento político que é o Plano Nacional de Cultura.

escreveu Rui Moreira
Bailarino, coreógrafo e investigador cultural que se colocou a disposição e foi escolhido em assembléias da classe de dança para representar o Estado de Minas Gerais na Câmara Setorial proposta pelo MinC/ Funarte. Participa desde processo nesta posição desde o ano de 2005.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A SeráQ. Cia de dança inicia 2010 com os pés na estrada.


Contemplada no edital de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural em 2010, a companhia apresentará novamente no Rio de Janeiro o espetáculo que resultou do projeto que reuniu em sua ficha técnica Milton Nascimento, Lincoln Cheib, Gastão Villeroy, Bia Lessa, Pedro Pederneiras , Adyr Assumpção e Rui Moreira que assina a direção geral.
“Q´eu isse” é um espetáculo de dança fruto de investigação sobre as noções de identidade da população brasileira; em especial da população afro-descendente e ameríndia. A dança da SeráQ. neste espetáculo se expressa pelos gestos nascidos nos corpos dos dançarinos, que foram inspirados e confrontados pelos legados gestuais e estéticos de culturas africanas, de culturas indígenas brasileiras e na convergência delas. Momentos do cotidiano, festas, ritos sociais, religiosidade, tudo serviu como referencia.

Em seguida a companhia se apresenta nos dias 4 e 5 de fevereiro em Belo Horizonte no Verão Arte Contemporânea que está em sua quarta edição.
Imperdível!

Duração
55 min.
Classificação
Livre

Serviço

Teatro Nelson Rodrigues
Espetáculo – Q´eu isse
Data
28, 29, 30 e 31 de Janeiro 2010

Horário
Quinta, sexta e sábado 19h30 e domingo 19h
Sexta feira – sessão extra, gratuita para escolas e projetos sociais 15h

Local
Conjunto Cultural da Caixa
Av. Chile, 230 - Centro - Rio de Janeiro
Tel: (21) 2262-5483
Preço dos ingressos: R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia).
396 lugares


Verão Arte Contemporânea - Belo Horizonte
Espetáculo – Q´eu isse
Data:
04 e 05 de fevereiro 2010

Horário:
Quinta e sexta às 21h

Local:
Teatro OI Futuro – Klauss Vianna
Avenida Afonso Pena, 4001- Mangabeiras
Fone: (31) 3229-3131
Preço dos ingressos: R$12,00 (inteira) e R$6,00 (meia).
329 lugares

Links www.veraoarte.com.br
www.seraque.com.br

Contatos – SeráQ. Companhia de Dança
Fone – 31 2535 2191
Fax – 31 3411 2179

sábado, 9 de janeiro de 2010

Um evento de vanguarda na dança negra e que é um evento de vanguarda na dança contemporânea


O Terreiro Contemporâneo de Dança – nas palavras de Gatto Larsen , produtor e dramaturgo da Barbot Teatro de Dança

Caro Rui:
É justamente no primeiro dia "comercial" do ano que consigo escrever para você.
Depois do evento de lançamento fui deixando passar por senti que não poderia enviar apenas umas palavras de parabéns pela realização. Logo, como é normal comigo as coisas foram atropelando o tempo e deixai para escrever no dia 30 de dezembro. Ledo engano meu. Uma gripe me derrubou e fiquei acamado até o dia 2 de janeiro. Lá se foram os planos de escrever de duas festas que marcariam nossa passagem de ano, da visita ao mar no dia 31 pela manhã, enfim, dos planos pensados e programados, mas como falava Pyer Gynn, talvez nossos planos não sejam completamente pensados.
Também é lógico que se nada do planejado aconteceu não fiquei na cama pensando "Ah!, como não tenho sorte", pelo contrário fiquei pensando no ano 2009 e as lições aprendidas ao longo do ano, nos erros cometidos e principalmente nas relações com parceiros e amigos.
Rui o evento realizado pela Cia SeráQuê? não tem paralelo com nada nem remotamente parecido na dança. Seja na dança negra (estou assumindo essa definição justamente a partir do Terreiro) seja na dança contemporânea como um todo.
O Terreiro esteve despojado de egos e mesquinharias e foi justamente pela forma em que foi concebido e realizado.
“Vou ao terreiro por lá me encontro com meus iguais", resposta dada por um entrevistado por Pierre Verger numas das suas pesquisas.
Foi justamente essa frase esteve presente na minha mente naquele dois dias e que, acredito, deverá ser um dos pensamentos orientadores do Terreiro.
Pessoalmente sempre falei que deveríamos colocar os pontos sobre os "i" e eles foram sendo colocados naturalmente. Tenho certeza de quem é quem entre as pessoas que estávamos reunidas lá. Agora, mesmo que por setor geográfico conhecemos um pouco a cara da dança negra.
Um evento de vanguarda na dança negra e que é um evento de vanguarda na dança contemporânea. Um evento luxuoso. Houve uma integração total entre: Idéia - produção - realização. Uma produção realizada com pouca grana e que teve uma dignidade poucas vezes alcançada.
Espero que em breve nossa companhia possa realizar o Terreiro carioca começando efetivamente a questão "Rede".
O Terreiro provocou abalos na nossa estrutura física. O primeiro sinal importante foi a troca da sede.
Amanhã começamos o ano de volta na Lapa, o bairro que nos viu crescer e fortificar. Isso não significa o rompimento com aquela casa que você conheceu, mas uma modificação no relacionamento. Estamos residindo artisticamente no Instituto Palmares de Direitos Humanos - I.P.D.H, entidade parceira desde 1991. Lembra que fiquei interessado pela frase “Dans chez vouz"? Justamente foi a que marcou o início de tudo. Agora estamos dentro da nossa casa, com nossos iguais.

Valeu, Rui, Valeu!.

Gatto Larsen

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Programa gratuita "REDE - Terreiro Contemporâneo de Dança"


ABERTURA - 09h com Rui Moreira

OFICINAS (As inscrições poderão ser feitas pelo email franciane.depaula@gmail.com ou até 20 minutos do inicio de cada atividade.)

Manhã - 09h45 as 11h45
Oficina “Do Ijexá ao contemporâneo”, Evandro Passos (Cia. Bataka - Belo Horizonte/MG)

Release: Procuro muito mais a contextualização histórica das danças de matrizes africanas, do que a estética performática, isso é coisa da dança européia”, salienta Evandro Passos. “Devemos fazer exatamente o contrário, contextualizar, historicamente, toda e qualquer manifestação de descendência africana, caso contrário não faz sentido. Seja a dança, a música e a culinária africana estão sempre vinculadas à uma história”. A oficina “Do Ijexá ao contemporâneo” trabalhará os movimentos da dança afro-brasileira tradicional e claro com inserções contemporâneas.

Tarde - 14h15 as 15h15
Oficina “Mandingas Diaspóricas - Corporalidades africanas para o corpo brasileiro”, Luli Ramos (Abieié Cia de Dança - São Paulo/SP)

Release: Quantas Áfricas existem em nossos corpos brasileiros? Quantas possibilidades criativas podemos acessar através dos ensinamentos herdados das culturas africanas? Essas Áfricas, aqui citadas propositalmente no plural (porque assim o são – múltiplas, diversas e complexas em suas tradições e modernidades), ainda ocupam espaços diminutos nos centros legitimadores e fomentadores da dança em nosso país. Um passo importante daremos com a compreensão e disseminação das técnicas corporais afro como formas eficientes, sábias e dotadas de estruturas complexas – que nos ensinam e complementam conhecimentos sobre África e suas diásporas. Em nossa vivência, tomaremos um breve contato com o universo de expressões de danças da região da África do Oeste denominada mandingue (Senegal, Guiné, Mali, Costa do Marfim, Burkina Faso) aproximadas às experiências corporais brasileiras.

DANÇAS PERFORMANCES

Tarde - 16h30 as 17h30 Cia Rubens Barbot Teatro de Dança (Rio de Janeiro/RJ)

“Ogum” (2008) de Élvio Assunção e interpretação de Wilson Assis
”Oxum” de Valéria Mona e interpretação de Ana Paula Dias
“Nega”(1987) de Rubens Barbot , música de Merith Monk remontagem de Barbot (2007) e interpretação de Wilson Assis

VIVÊNCIA

Noite - 18h as 20h Babalorisà Sidney Ti Odè, Iyakekerê Izabel e Ekede Denísia Martins (Ilê Wopo Olojukan -Belo Horizonte/MG)

“As cantigas e danças do Siré” (Nesta atividade serão apresentados apenas as cantigas e dança do Siré, não constituindo a festa do candomblé)

Release: Siré – é uma sequência de toques e cantigas que são executados durante uma festa de pública de candomblé. Antes de começar o sirê é necessário avisar ao guardião Esù que vai se iniciar uma celebração e nesse momento todos juntos despacham o padé, comida preferencial desse Orisà, que poderá ser feito durante o dia ou um pouco antes do começo da festa. O sirê sempre começa com as cantigas de Ogum, em seguida uma seqüência pré-estabelecida de cantigas para todos os Orisàs. O Siré é momento em que a comunidade-terreiro se apresenta na roda dançando e cantando para os Orisàs, avisando que estão em festa para eles. Cantam e dançam seus mitos gloriosos para que eles sintam o quanto são amados e esperados na cerimônia. É uma evocação para que os Orisàs satisfeitos com seus adeptos compareçam para o ato seguinte, ou seja, o Rum. As cantigas do Siré se diferenciam das cantigas de Rum, que são as cantigas executadas para o Orisà dançar em uma festa, costuma dizer-se (dar Rum ao Orisà), nessas cantigas os Orisàs executam as suas coreografias conforme a cantiga e o desempenho do alagbê (reponsável) pelo atabaque maior (Rum). Não devem ser cantadas fora da cerimônia.

TROCAS E CONVERSAS

Noite - 20h - “Ler o mundo com os olhos negros”, Evandro Nunes (Negraria Coletivo de Artistas Negros (as) - Belo Horizonte/MG)

Dia 29/11 (domingo)

OFICINAS

Manhã - 09h as 11h
Oficina "Dança Negra Contemporânea/Técnica Horton de Dança Moderna", Elísio Pitta (Companhia C - Salvador/BA)

Tarde - 14h15 as 16h15
Oficina de dança com Mestre João Bosco (Cia Primitiva - Belo Horizonte/MG)

TROCAS E CONVERSAS

Manhã - 11h as 12h, Carmen Luz (Cia Étnica - Rio de Janeiro/RJ)

Tarde - 16h30 as 17h30 - “Performance: Ritual. Transitoriedade como eixo. Gesto como construção”, Renato Negrão (Belo Horizonte/MG)

DANÇAS PERFORMANCES

Noite - 18h as 19h Cia Enki de Dança Primitiva Contemporânea (Vitória/ES)

“Simbolein” - Pesquisa, criação, direção: Paulo Fernandes interpretação Paulo Fernandes e Jurandi Gusmão

Release: A inspiração gestual das cenas do espetáculo Simbolein ( do grego, significa : juntar, agregar, unir) surgiram da observação das formas complexas que compõem um dos vários alfabetos da extensa África, denominado de Ge’eze (como também a mende, loma, mandinga, fulah, wolof,), pertencentes a família nígero – congolesa. A sua expressão descrita nos revela, além da forma estética, um forte sentido simbólico, conceitual e filosófico que remete aos movimentos, criando formas que dialogam entre a escrita e os gestos. A organicidade da matéria, o corpo, se expressa como uma gramática da gestualidade. Sendo que o seu sentido no espaço, afirma, a presença existencial , dentro de uma atemporalidade.

TROCAS E CONVERSAS

Noite - 19h15 as 21h
- Ciclo de conversas sobre os processos apresentados, o mercado e a produção da dança negra brasileira.
- Encerramento do encontro.

Os convidados:




Babalorisà Sidney Ti Odè, Iyakekerê Izabel e Ekede Denísia Martins
(Ilê Wopo Olojukan - Belo Horizonte/MG)

Recebem esta imersão que se dará no barracão do terreiro de candomblé Ilê Wopo Olojukan: um território cultural tombado pelo patrimônio histórico de Belo Horizonte, local sagrado e de empoderamento da população afrodescendente.

Carmen Luz (Cia Étnica - Rio de Janeiro/RJ)

A trajetória de Carmen Luz é mais uma importante peça que compõe o mosaico da história de vida, de mulheres, negras, militantes e brasileiras. Oriunda de uma família de negros, de Oswaldo Cruz, subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, que foram conquistando melhores espaços através da educação formal e da disciplina, o apelido de Luz, recebeu ainda pequena, dado por seu pai e, mais tarde, ao ingressar na Faculdade de Letras da UFRJ, ganhou uma composição do poeta e músico Mario Makaiba, ficando batizada definitivamente. Formada em Teatro e Literatura (Graduação e Pós-Graduação pela UFRJ), a dança aconteceu praticamente de forma autodidata. Somente depois de adulta freqüentou aulas da coreógrafa Angel Viana, com quem aprendeu a valorizar toda a sua expressividade. Coreógrafa carioca, Carmen Luz, diretora da Cia Étnica de dança, é uma artista de várias linguagens associadas à militância e educação. A Cia. Étnica de Dança e Teatro nasceu há dez anos, fruto da herança deixada pelo Teatro Experimental do Negro (TEN), idealizado por Abdias do Nascimento.

Cia Rubens Barbot Teatro de Dança (Rio de Janeiro/RJ)

Foi fundada em 20 de agosto de 1990 no bairro de Quintino na cidade do Rio Janeiro, pelo coreógrafo e bailarino Rubens Barbot, natural da cidade do Rio Grande (RS) e radicado no Rio de Janeiro de 1989. A primeira companhia negra de dança contemporânea, mantém até hoje, dezoito anos depois, um trabalho singular. Sustentando sua linguagem em pesquisas permanentes que Barbot desenvolve, centralizando seu trabalho numa analise profunda dos gestos, movimentos e imagens que se desprendem dos corpos afro-brasileiros. O processo de pensar a realidade e tentar transformá-la através da reflexão e da ação crítica, assim como o de pensar a condição humana, tem sido, historicamente, fundamental nas relações dos homens com a natureza. Os temas abordados são os mais variados, mas sempre tendo em conta a condição humana e fazendo uma interpretação sob o olhar afro brasileiro. As idéias podem partir de uma simples cena recolhida ao acaso até textos consagrados e filosóficos, e a música que se utilizamos pode ser étnica primitiva, contemporânea, erudita ou trilha especialmente composta. A Cia trabalha com músicos, autores, técnicos etc, possibilitando um maior conhecimento da nossa cultura, apuro técnico e ampliação do espaço de atuação profissional de artistas e técnicos negros no mundo das artes cênicas. A Rubens Barbot mantém um trabalho constante criando seus espetáculos e temporadas na cidade do Rio de Janeiro, excursionando por demais cidades e capitais no Brasil e também no exterior.

Link: http://www.ciarubensbarbotteatrodedanca.blogspot.com / http://barbotkeratuar2.blogspot.com


Cia Enki de Dança Primitiva Contemporânea (Vitória/ES)

Nos meados de 1977, o atual diretor e fundador da Cia. Enki de Dança Primitiva Contemporânea, Paulo Fernandes, ingressa na vida cultural de Vitória e a partir dessa experiência artística, atuou em varias áreas das artes cênicas, bem como no teatro, fotografia, vídeo, cinema. Na dança, atua como coreógrafo, figurinista e pesquisador musical. Seu trabalho na surgi com propósito de buscar reflexões sobre as questões étnico-raciais, tendo como ferramenta a linguagem do corpo, usufruindo de técnicas da dança e do teatro, trazendo a força ancestral africana e a irreverência, conforme citação do critico de arte francês Gilbert Chaudanne que diz: “ Como se houvesse uma interiorização do corpo, uma espécie de abertura para o interior desse corpo de carne, onde reside um outro corpo- talvez , o corpo sem órgãos de Antonin Artaud - mas, sem dúvida- um corpo que sabe desatar nós.....”. A sua abordagem cênica carrega uma densidade silenciosa aquém do pós–modernismo, do entretenimento, do homem oco. O diretor é autodidata e desenvolveu uma metodologia própria e ímpar, sendo um dos reminiscentes da dança afro-contemporânea no ES. Fundada em 2001, a Cia Enki é uma associação civil de caráter sócio-artístico, educacional e cultural, sem fins lucrativos, que surgi com o propósito de desenvolver um estudo que abranja a história da humanidade e suas relações com a antropologia do corpo, bem como a etnologia, a lingüística e os costumes idiossincráticos.

Elísio Pitta (Companhia C - Salvador/BA)

Suas experiências abrangem: dança, música, teatro e cinema. Estudou e trabalhou com renomados mestres das artes de várias partes do mundo, dentre eles: Mestre Waldemar da Paixão; Raimundo King; Clyde Morgan, Lia Robatto, Arthur Hall, Maria Fux, Rubens Cuello, Alvin Ailey, Maurice Bejart, e Neide Aquino, dentre outros. Desde 2000 Elisio Pitta atua como Coordenador Geral do Instituto Oya, em Salvador; em 2002 fundou o Balé da Mata Companhia de Danças, no qual é Diretor Artístico e Coreógrafo Residente, deu inicio a importantes projetos de colaboração internacional: com a Kinetica Arts Links, de Londres, com Resurrection Dance Theater do Haiti, Brazz Dance Theater, Miami e Coliseu Cultural. Em 2003 foi um dos laureados com o prêmio “Prince Claus Awards”, para o qual desenvolveu o projeto Impressões Haitianas Raízes Brasileiras em 2004. Também desde 2003 atua como Consultor Artístico para Magic Life der Club International, Brasil e Europa e 2007 atua como Conselheiro de Cultura do Estado da Bahia, a convite do Exmo. Sr. Governador do Estado, mandato que se estende até 2010. Atualmente dirige a Companhia C, Dança Negra Contemporânea, fundada em março de 2008 na cidade do Salvador.


Evandro Passos (Cia. Bataka - Belo Horizonte/MG)
Professor, coreógrafo, bailarino, especialista em História da África e Estudos Afro-brasileiros pela PUC/MG, graduado em comunicação social pela UFMG. Atualmente é bolsista Ford, cursando o mestrado na Universidade Estadual Paulista – UNESP, fundador e diretor da Cia. Bataka, professor de dança e cultura afro-brasileira do Centro Universitário de Belo Horizonte, MG.

Evandro Nunes ( Negraria Coletivo de Artistas Negros(as) - Belo Horizonte/MG)

Presidente do Negraria Coletivo de Artistas Negros (as). Ator, diretor teatral e pedagogo. Estuda a arte negra e sua influencia na sociedade brasileira, buscando com isso, o entendimento do Teatro Negro no Brasil. É integrante/fundador do TEATRO NEGRO E ATITUDE (TNA). Juntamente com o Coletivo Hip Hop Chama de Belo Horizonte, desenvolveu atividade de Gênero e Sexualidade I e II: corporeidade, subjetividade e alternativas para a atualidade, no ano de 2006. Atualmente ministra oficinas de Teatro, Brinquedos e Brincadeiras, Contação de Histórias, Performance como Linguagem, Brincando de Mascará em Projetos Sociais , Centros Culturais e Escolas Públicas e Particulares. Desenvolve atividade como Facilitador no Programa ProJovem na cidade de Santa Luzia e como Educador Social no Programa Fica Vivo! Núcleo Santa Luzia, pela Secretaria de Estado de Defesa Social , Superitndência de Prevenção à Criminalidade, e no Centro de Apoio à Família CAC/São Francisco, pela Pastoral do Negro e Prefeitura de Belo Horizonte. Estas atividades de capacitação para oficineiros e educadores têm como intuito fazer uma reflexão sobre a práxis destas funções e sobre quais os lugares da educação nos projetos/programas sociais.


Luli Ramos (Abieié Cia de Dança - São Paulo/SP)

Antropóloga, dançarina e pesquisadora das corporalidades de matriz africana desde 2002. Foi aluna no David C. Driskell Center for the Study of the African Diaspora, em Maryland, EUA, quando também participou do Kankoran West African Dance e passou a pesquisar as expressões artísticas da África do Oeste. Sua formação em antropologia, com graduação na USP e mestrado na UNICAMP, possibilitou que construísse campos de reflexão sobre a dança conjugando teoria e prática. Atuou em trabalhos de artistas como Luciana Mello, Grupo Camiranga, Orquestra Heartbreakers, Balé afro koteban, Grupo UAFRO, Iara Rennó, entre outr@s. Possui também experiência em outras linguagens da dança contemporânea e do balé clássico. É dançarina da Cia de dança Abieié onde também assiste a direção geral. É membro fundadora do DIASPÓROS coletivo artístico intedisciplinar, assim como do NSOROMAS, grupo que interliga São Paulo e Pelotas em um trabalho de arte educação chamado "Me griaron negra". Atua na Casa das Áfricas – um centro de pesquisas e de promoção de atividades culturais ligadas ao continente africano.

Links: www.casadasafricas.org.br / http://www.youtube.com/watch?v=u_M9RLdLmx4

Mestre João Bosco (Cia Primitiva - Belo Horizonte/MG)

Linhagem na capoeira angola: Mestre João Pequeno (Academia João Pequeno de Pastinha - BA) / Mestre Moraes / Mestre Rogério (Grupo de Capoeira Angola Dobrada - BH e ALEMANHA).
Formação profissional: 1976- Dançarino de soul music se inicia na capoeira com Mestre Dunga; 1979- Educador social pela FEBEM (Ceame) usando a capoeira como instrumento de educação; 1982- Inicia na Hata Yoga com Mestre Sabagan Yesudian; 1983- Torna-se aluno do senegalês Mamour Bah em Dança Africana Moderna; 1985-1987 - Pesquisa e reciclagem em capoeira com o Grupo Capoeira Angola Pelourinho, Mestre Moraes e João Pequeno de Pastinha; 1989 - Funda a Companhia Primitiva de Arte Negra para a prática, pesquisa e divulgação da dança Afro-brasileira; 1988-1990- Forma-se em acupuntura e massagem pelo Núcleo de Terapias Naturais (Tao), com Paulo Noleto; 1993- Funda o Grupo de Capoeira Angola Eu Sou Angoleiro; 2003- Funda a Associação Cultural Eu Sou Angoleiro.

Renato Negrão (Belo Horizonte/MG)
É poeta, performer, compositor. Autor de Os Dois Primeiros e um Vago Lote (Selo Editorial, 2004). Ministrou oficinas de poesia e performance na FUNARTE/SP e no Festival de Inverno de Ouro Preto UFMG/UFOP. Ministra a oficina Palavra Imagem no Programa para Jovens da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Como compositor, tem composições gravadas por Alda Rezende, A Danaide e Bossacucanova, dentre outros. Apresenta-se em diversos eventos caracterizados pelo uso experimental e transtécnico dos meios de expressão.